Locução: Radialista Carlos Vieira
Qualquer coisa me inspira. O trânsito bagunçado, o barulho da massa que vandaliza a cidade, o grito de gol, a paixão irritante do torcedor fanático.
Qualquer coisa me inspira. A fadiga do dia a dia, a luz doce do amanhecer, o orvalho sobre as folhas das plantas.
Qualquer coisa me inspira. O neném que acaba de nascer, o velhinho que passa dessa para melhor.
Qualquer coisa me inspira. O sol que brilha no céu, a chuva que molha meu quintal, o barro que suja o meu sapato.
Qualquer coisa me inspira. O dia de pagamento, uma conta atrasada, telefone bloqueado, chamada a cobrar.
Qualquer coisa me inspira. O amor, tema inesgotável, a beleza nostálgica da flor e até a violência exacerbada.
Qualquer coisa me inspira. A banalidade na novela das nove, a emoção do cinema, o meu ator preferido num pôster sem camisa fazendo propaganda de jeans.
Qualquer coisa me inspira, o café que acabou, a visita que não veio, uma manhã de domingo como outra qualquer.
Qualquer coisa me inspira. Querer e não ter, eterno sentimento de frustração.
Qualquer coisa me inspira. Um dia após o outro, com uma noite no meio, acordar com um locutor chato num radinho que chia.
Enfim, qualquer coisa me inspira porque são muitas “quaisquer coisas” que fazem a vida. E a vida será sempre uma eterna fonte de inspiração.
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